
"...Sou
a emoção do perigoso, desde que eu possa cobrir o risco. Sou sorriso
tímido em algumas horas e gargalhada escancarada em outras. Sou o tesão
de uma missão cumprida, com gostinho de quero-mais-ainda. Sou uma
piadinha boba bem contada. Sou adorar o meu trabalho. Sou falar com Deus
bem baixinho à noite, e ir à igreja quando dá vontade. Sou um sorriso
aberto de quem estava com saudades de me ver. Sou muitas amizades e
amigos.
Sou
arroz soltinho, ovo com gema bem cozida, suco de laranja, vitamina de
abacate, pizza de mussarela e danoninho. E na sobremesa, eu sou um bolo
de morango cheio de chantily. Sou muito, mas muito chocolate, de todo
jeito.
Sou a minha casa mais do que a
rua, os móveis confortáveis e a cozinha enorme. Sou olhar o céu da
varanda com noite de lua cheia e estrelas brilhando, em tempo ameno,
ouvindo música. Sou o meu quarto. Sou a minha cama e dormir agarrada com
o travesseiro. Sou a mesa e a cadeira do computador. Sou banho gelado
em dia quente. Sou cremes, perfumes, batom rosa, presilhas, caixinhas
encapadas e aspirina. Sou sapato alto, meia fina, lingerie de renda,
calça jeans e blusas coloridas. Sou pouca maquiagem, coque no dia-a-dia e
cabelo solto e arrumado aos fins de semana. Sou milhares de relicários,
as gavetas cheias de fotos, cartas, lembranças das quais eu não consigo
me desfazer. Sou lápis de cor, tinta, papel.
Sou uma idéia de organização que
nunca se concretiza. Sou um NÃO gigante a grande parte das regras e um
boom criativo e intuitivo na maior parte das vezes. Sou uma vida lotada
de amigos, um sorriso simpático, compreensão acima de tudo, um abraço
inesperado. Sou dizer e ouvir palavras que emocionam.
Sou um punhado de cartas,
cartões e e-mails de amor, todos longos e intensos. Sou um amor mal
resolvido, e mais outro. Sou a recusa de ficar ao lado de alguém só por
ficar. Sou a opção de um romantismo e sem vergonha de ser assim. Sou uma
folha em branco pra desenhar e escrever o que tiver vontade. Sou
segurar as lágrimas nos olhos. Sou calar pra não magoar, sou de deixar a
poeira ficar bem baixinha pra depois conversar. Sou gentilezas,
carinhos e mimos. Sou dormir abraçada, um olhar arrebatador, uma palavra
sussurrada no ouvido, um telefonema quente, uma brincadeira excitante,
uma loucura, um beijo roubado. Sou muito, muito beijo, muito toque,
muito abraço apertado, muito desejo, me entregar totalmente se me sentir
segura e amada. Sou dengo até não poder mais. Sou insistir até onde
aguentar.
Sou a saudade do colo da minha
mãe, a saudade da risada do meu pai. Sou ficar tentando lembrar do que
eu sonhei toda manhã. Sou a saudade dos meus amigos da adolescência, das
escolas onde estudei e dos professores que tive. Sou a saudade de
pessoas que eu amei muito e que se foram. Sou a vontade de voltar a ser
uma menina quando canso de ser adulta, e sou o orgulho de ter vencido
até aqui. Sou um eterno procurar o lado bom da situação, um eterno
racionalizar.
Sou Chico Buarque, Renato Russo,
novela das 8, dançar forró, desenho animado, chaves, filmes, novo
cinema nacional, Internet com conexão rápida e milhares de e-mails,
Fernando Pessoa, LFV, música de todos os jeitos.
Não sou de jeito nenhum (por
mais que eu tente): suco de cajú, grosseria, esporte na TV, academia,
beterraba, matemática, Bonde do Tigrão, noite de calor.
Sou assistir um filme debaixo da
coberta num dia frio. Ligar o rádio bem alto enquanto arrumo a casa.
Surpreender e ser surpreendida. Contar histórias pras crianças. Ouvir
palavras doces e elogios sinceros. Comer manga lambuzando. Receber
ligação no celular. Descobrir que eu estava certa. Ser desculpada quando
piso na bola. Cheiro de neném..."
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